A FALÁCIA DA CONJUNÇÃO

O ser humano está constantemente cometendo erros. Dentre eles estão os vieses cognitivos, fenômenos que interferem na interpretação dos acontecimentos e influenciam negativamente a tomada de decisões. Dando sequência ao último post, em que foi abordada a Falácia do Apostador, trataremos hoje da Falácia da Conjunção.

Suponha a existência de uma mulher chamada Linda. Linda tem 31 anos, solteira, sincera e muito inteligente. Ela formou em Filosofia, quando estudante se preocupava muito com questões de discriminação e justiça social, e participava de protestos contra armas nucleares. O que é mais provável?

  1. Linda ser uma bancária.
  2. Linda ser uma bancária e ativa no movimento feminista.

Já tem sua resposta? Bom, a questão tratada acima foi proposta pelos psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky, que observaram que grande parte das respostas avaliam que Linda ser uma bancária ativa no movimento feminista é mais provável que ela ser apenas uma bancária.

Essa alternativa, mesmo parecendo intuitivamente correta, está errada. Refletindo por um momento sobre isso a resposta é clara: em todos os casos em que Linda é uma bancária ativa no movimento feminista, ela é necessariamente uma bancária, mas ainda existe a possibilidade de que ela seja uma bancária sem ser ativa no movimento feminista. Em outras palavras, sempre que a segunda opção estiver correta, a primeira também vai estar, mas existe chance da primeira opção ser a correta sem que a segunda também seja.

Isso é a Falácia da Conjunção, quando adicionando mais detalhes a uma história, ela parecer ser mais plausível, ao mesmo tempo que a probabilidade dela estar correta é necessariamente menor. Sabe qual é o pior de tudo? Nós fazemos isso constantemente, tanto no dia a dia, enquanto nós conversamos com amigos ou formamos nossas opiniões, quanto em momentos mais sérios, como em tomada de decisões.

Se algum amigo te falar que no próximo jogo do Brasil, o México vai abrir o placar, você pode atribuir uma probabilidade média a esse evento. Mas, se ao invés disso, você for informado que o México vai abrir o placar, seguido por um gol do Coutinho no início do segundo tempo, e um gol do Neymar pouco mais tarde, garantindo a vitória do Brasil e classificação nas quartas de finais, muitas pessoas vão atribuir uma probabilidade maior para esse evento do que ao primeiro. Quando isso ocorre em conversas entre amigos, não há dano. Mas, se o seu aconselhador de investimento te avisar que as ações da Apple vão cair, você pode não acreditar, mas se a história for aumentada, com uma história sobre uma baixa, seguida de uma recuperação e aumento após o anúncio do novo iPhone, essa é uma história menos provável que a primeira, porém mais fácil de acreditar por ter mais detalhes esperados, o que pode levar a tomadas equivocadas em decisões financeiras.

Qual a moral da história? E qual a relação disso com estatística? A lição é ter em mente que quando se trata de analisar algo desconhecido e fazer previsões, cada detalhe adicional é um peso novo, e deve ser levado em consideração. Para escapar da Falácia de Conjunção, precisamos estar sempre nos policiando e avaliando nossas escolhas. E nada melhor do que a estatística para nos ajudar a tomar decisões! Estudos estatísticos são controlados, conscientes, e devem ter sempre todos os fatores influentes meticulosamente e matematicamente avaliados. Não há dúvidas de que quando se trata de se libertar da Falácia da Conjunção, a estatística tem muito a contribuir.

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