WILLIAM SEALY GOSSET: A ORIGEM DA T-STUDENT

Ao final do século XIX, a famosa Guinness era a maior cervejaria do mundo, e foi pioneira em diversos esforços para o controle de qualidade. Em 1899, um dos contratados, recém-formado na Universidade de Oxford, com 23 anos de idade e um currículo que combinava química e matemática, foi William Sealy Gosset.

O trabalho de Gosset na Guinness consistia em medir os inúmeros fatores do processo de produção e ponderar como eles se relacionam aos resultados do produto final. William realizou muitos testes para estimar a duração da cerveja diante das diferentes condições de armazenagem, fabricação e transporte.

Os experimentos realizados na cervejaria possuíam, muitas vezes, limitações em relação ao número de repetições. Gosset enfrentava o problema de fazer inferências de pequenas amostras pela quantidade de leveduras utilizadas no malte moído.

Para a fermentação da cerveja, são usadas leveduras: organismos vivos que convertem açúcar em álcool. Como elas estão em constante reprodução, a quantidade desses fungos dentro do líquido varia. Quando utilizada uma quantidade pequena, a cerveja pode ter sua fermentação incompleta, ao passo que uma fração exagerada de levedura pode deixar a cerveja amarga. É essa variação que compromete a consistência da produção em larga escala de uma fábrica.

Como as leveduras são seres vivos e, portanto, suas células estão constantemente se multiplicando, era impossível mensurar a quantidade exata de leveduras. No entanto, era possível estimar a distribuição de probabilidade da quantidade de células de levedura presentes em um volume. Gosset notou que a contagem de colônias não se encaixava em nenhuma das curvas assimétricas desenvolvidas por Karl Pearson, mas sim à distribuição de Poisson. Em novembro de 1904, ele apresentou uma aplicação prática à diretoria da Guinness denominada “Aplicação da ‘Lei do Erro’ ao trabalho da cervejaria”, utilizando a premissa de que o conjunto inicial de medições possui distribuição normal.

Gosset desenvolveu o teste t, distribuição passível de ser tabulada, como um modo barato de monitorar a qualidade da cerveja. Na época, não existia uma teoria para a tomada de decisões com base em pequenas amostras. Por isso, o grande diferencial desse teste é justamente permitir que se façam inferências usando um menor número de elementos. 

William Sealy Gosset publicou o Teste t na revista acadêmica Biometrika, em 1908. Porém, a cervejaria Guinness considerava o uso de estatística uma vantagem competitiva, o que tornava o uso do teste em segredo industrial, e por isso, proibiu publicações sobre métodos internos da empresa. Para não ser identificado, William publicou seus trabalhos sob o pseudônimo de Student, e até hoje o trabalho dele é referenciado por esse nome nas teorias da probabilidade e da estatística.Compartilhe este Post

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